Segundo as escrituras védicas, estamos vivendo dias de kali yuga, ou seja, a era de ferro em sânscrito. Os Vedas nos dizem que nessa era o que impera é a ganância, o materialismo, a hipocrisia e o total declínio dos valores morais.
Não é preciso ser hindu e nem iniciado na literatura védica e muito menos espiritualistas para se atestar que vivemos mesmo em um tempo em que os valores morais estão degradados. Basta uma breve olhada nos jornais diários, na programação das TVs, nas relações humanas para enxergar essa verdade.
Mas, o que tem isso a ver com o estilo de vida dos veganos? Tudo, já que o veganismo prega a ética em nossas relações com os outros seres vivos que dividem conosco esse planeta.
Todos sabem que o veganismo não é um fim em si mesmo, mas um processo, pois ser 100% vegano é impossível. Impossível porque por mais que evitemos consumir produtos de origem animal trocando-os por outros sintéticos ou vegetais, estaremos muitas vezes somente trocando de explorados.
Vou exemplificar, nos recusamos a consumir mel, pois a maneira como são exploradas as abelhas para esse fim é algo extremamente cruel. Então substituímos o mel pelo melado de cana e podemos encostar nossa cabeça no travesseiro e dormir sossegados. Mas, se formos mais a fundo na produção da cana, vamos perceber que ela impõe uma cadeia enorme de exploração e morte. Porque podemos consumir o melado de cana e o mel não, se estamos apenas trocando o objeto da exploração?
E assim acontece com muitos outros produtos. O computador que estou usando para escrever esse artigo tem componentes que são de origem animal. O carro, o ônibus, o metrô que nos leva pra lá e pra cá, também. Sem citar as roupas, papel, enfim, praticamente tudo.
Diante disso, reitero minha colocação de que é impossível ser 100% vegano.
Então, já que não dá para ser 100% então que sejamos o máximo que conseguirmos. Só que esse máximo pode variar de pessoa para pessoa. Até o vegano mais radical, não pensará duas vezes ao se utilizar de um remédio alopático, que foi testado em animais, para amenizar sua dor ou salvar sua vida, afinal seu veganismo também tem um limite.
Então, já que não dá para ser 100% então que sejamos o máximo que conseguirmos. Só que esse máximo pode variar de pessoa para pessoa. Até o vegano mais radical, não pensará duas vezes ao se utilizar de um remédio alopático, que foi testado em animais, para amenizar sua dor ou salvar sua vida, afinal seu veganismo também tem um limite.
Achar que o patamar em que chegamos é o ideal que todos devem alcançar é uma ilusão. Pois o ideal está longe de ser atingido por qualquer mortal. Mas, nossa arrogância e intolerância não nos deixa enxergar isso. É uma pena que alguns veganos se deixem levar por um complexo de salvadores do mundo – se todos agissem como eu, o mundo seria maravilhoso – como se isso fosse a única coisa a ser contabilizada.
O importante é perceber que todos nós temos nossos limites e transpô-los muitas vezes é algo muito complicado, pois passa por questões sociais, educacionais, familiares, psicológicas, filosóficas e outras tantas. Mesmo assim vale a pena tentar ir além tanto na questão do veganismo como nas questões de tolerância e compreensão do outro e de nós mesmos.